top of page

Uma cifra-sagrada, um dia de júbilo, uma profecia e uma grande descoberta!



Eu poderia falar dos 12 apóstolos de Cristo, dos 12 meses do ano, dos 12 signos do zodíaco, das 12 portas de Jerusalém, das 12 horas diurnas ou noturnas. Poderia contar para você que meu primeiro número de chamada na escola foi 12, poderia falar também daquele dia 12, que me viu soprar o primeiro fôlego da vida- o de março de 1997, poderia relatar o que faço durante 12 horas do meu dia. Lembro-me que, em 2009, achava o máximo dizer para as pessoas que faria 12 anos no dia 12. Seria interessante até, trazer um resumo do que me aconteceu nos últimos 12 meses, mas não quero que meu caríssimo leitor gaste 12 horas para ler este texto. Então, vou lhe falar mesmo do exato dia 12.

O 12 do mês 12 de 2007- um dia corriqueiro, mas muito singular para nós, os então alunos das turmas A e B da quarta série da Escola Estadual 'Mestre Candinho', o dia em que se costuma ouvir, seja da boca da professora, diretora ou dos pais, aquela frase clichê: 'parabéns, você venceu uma nova etapa!'- Isso mesmo, me refiro ao dia em que formei a 4ª série, estava com 10 anos na época.

Poderia mesmo ser apenas mais uma etapa vencida na vida daquela criança sonhadora e enfática ao dizer que quando crescesse seria ginecologista, cantora e escritora.Todavia, eu não sabia, ninguém sabia, exceto uma pessoa, quer dizer, tenho certeza de que ela também não sabia, mas foi um grande instrumento nas mãos de Deus para que eu pudesse abrir os olhos da minha mente e mudar meu destino completamente.

Estávamos todos enfileirados e eufóricos para receber o tão esperado diploma e a nossa camisa de formatura, na qual vinha estampado o boneco João Bolinha, personagem do livro de Vicente Guimarães e mascote da escola. As meninas entraram acompanhadas do pai, os meninos da mãe; naquele dia, casávamos com a nossa vontade de crescer, até não cabermos mais na escola.

Vestiram em nós as camisas, entregaram-nos o diploma, que era para nós, ao mesmo tempo, o símbolo da alegria-a felicidade pela conquista e da angústia-a dor do desapego(iríamos todos mudar de escola), o medo do desconhecido e todas as dúvidas impostas pelo processo doloroso que é crescer.

O diploma poderia ser o objeto mais importante da minha vida, se na mesma ocasião, outro objeto não tivesse se revelado com maior esplendor a ponto de me fazer traçar uma meta diferente das já estabelecidas.

Em meio aos discursos, às crianças que corriam para o abraço de seus pais, aos sorrisos destes que se desfaziam em choros de emoção ou o contrário, eis que a diretora Deize de Carvalho encerra seu discurso e diz: 'quem quiser deixar alguma mensagem venha até o microfone'.

"A cada ano que se inicia, é a certeza da esperança renovada e a satisfação de cada sonho realizado. Boas festas!"- foi exatamente o que eu disse ao pegar aquele microfone. Eu mal acabei de recitar aquela mensagem que havia lido no cartão de natal da minha mãe e decorei porque a achava bonita, a Dona Silvana, mãe do Jorge, meu colega, olhou fixamente na minha direção e profetizou: 'essa menina vai ser repórter!'.

Ahh... ali, o destino mudava os meus trilhos e se manifestava em glória, foi uma revolução! Aquele microfone estava aberto, aberto para ir ao encontro da minha vida, fazer soar a minha voz, como já havia feito outras vezes, mas eu não havia compreendido a mensagem por ser pequena demais ou porque aquela era a hora certa-como nos tempos bíblicos, aquilo já era certo, precisava apenas de uma profecia, foi o tempo em que as traves saltaram dos meus olhos, isso fazia com que eu tomasse consciência da minha verdadeira aptidão.

Na minha cabeça, passou um filme todo em câmera lenta... 'huum..., gosto de me expressar, ler, amo escrever, apresento teatros na escola, sou contadora de estórias, sempre quis ser escritora... sendo jornalista, posso visitar os teatros, me expressar, de certa forma, ser escritora também e, claro, uma eterna contadora de histórias da sociedade e para a sociedade'.

Dona Silvana disse, e eu confirmei: 'quando eu crescer vou ser jornalista!'

Aquele microfone foi a penumbra que me anunciou o dia e transformou o resto dos meus dias em sol. Tenho esperança de que aquele microfone concedido a mim no dia 12 de dezembro de 2007, irá abrir caminhos para os microfones do futuro que farão ecoar a minha voz nas grandes emissoras de TV, rádio ou internet.

Ahhh mais ah... se não fosse aquele microfone... eu não seria hoje uma jornalista em construção!





bottom of page